segunda-feira, 29 de outubro de 2007

CADÊ O PLANO B?




Quem lembra do Macgyver e da Kate Mahoney, sabem do que estou falando... Eles sempre tinham um plano B.





Pensando pra resolver os imprevistos, o famoso plano B ainda não é muito trabalhado pelas corporações e empresas em geral. Mas está em voga quando o assunto é Comunicação Organizacional e quando se trata de Planejamento Comunicacional.
Prever imprevistos e falhas é pré-requisito para a boa administração de um sistema ou empresa. Sobretudo, saber como solucioná-los.
Contudo, na falta do tal plano, a criatividade vem à tona para dar prosseguimento às atividades interrompidas por alguns minutos de pânico e angústia sobre algo que não deu certo.
Contarei pra vocês uma fábula sobre a falta do plano B e as conseqüências que isso pode causar.

Era uma vez um lindo louva-a-Deus, batizado assim porque seu pai, o Senhor, queria um filho com seu nome. Louva-a-Deus Júnior era verde e magrelinho e adorava reverenciar e prever a sorte dos outros. Ele era funcionário público na floresta e trabalhava para a única leoa de Juba da mata, a Leoa Bethânia.

A floresta estava em festa por conta de um grande evento social e cultural. Era a Primavera dos Imortais, onde estariam presentes animais de grande experiência na história de narrar os segredos da mata.
Leoa Bethânia chamou Louva-a-Deus em reunião e disse:
-Quero toda a fauna presente na Primavera, sobretudo nos dias em que meus amigos leões estaram presentes para rugir. Não vá falhar comigo, posso acabar contigo numa patada.
E lá se foi Louva-a-Deus Júnior a correr contra o tempo para fazer espalhar a notícia da feira e da vinda dos leões para a Primavera.
No primeiro dia em que os leões vieram poucos animais se fizeram presentes, mesmo tendo o magrinho Louva-a-Deus recorrido a tudo e todos, até mesmo ao orkut ele pediu ajuda!
No segundo dia da presença dos leões, alguns animais e filhotes encheram a mata e Leoa Bethânia até adiou o fim de Louva-a-Deus Júnior.
Porém o grande dia estava por vir. Era o dia em que a própria Leoa Bethânia daria um enorme rugido.
Louva-a-Deus tratou de rezar e rezar para que tudo desse certo e o grande dia chegou.
A mata estava com toda a fauna reunida, porém faltava alguém... mas quem? não, não podia ser! a própria Leoa Bethânia não estava lá! e agora?
CADÊ O PLANO B?
Foi então que em cerca de cinco minutos as preces feitas por Louva-a-Deus Júnior se concretizaram, ou quase isso...
Uma pantera que estaria apenas para rugir junto com a leoa acabou se tornando a palestrante e um bacalhau português que estava lá de desavisado acabou por ser convocado à mesa.
Mas, no momento em que a pingüim das Ilhas Malvinas deu início ao cerimonial, um susto:
- Daremos agora início à palestra sobre a beleza da flora antiga. Para palestrar, chamamos ao palco a pantera cor-de-rosa. Ela que tem experiência em filmes, desenhos e seriados. (salva de palmas). Chamamos também o debatedor da palestra, o bacalhau português. Ele que tem vasta experiência e pesquisas feitas sobre o consumo de peixes na semana santa. (palmas) E chamamos também para coordenar a palestra, o estagiário dos carnívoros, Louva-a-Deus Júnior. ele que não tem experiência de coisa nenhuma e terá que se virar pra falar qualquer merda de apresentação pra os animais aqui presentes. (palmas)
E lá se foi Louva-a-Deus Júnior que acabou por fazer uma prece em vez de rugir, afinal, não tinha experiência nenhuma sobre aquilo e mais verde ficou por conta da exposição e por já sentir o peso da pata da Leoa em seu corpinho.


moral da história: "quem não tem leão caça com Louva-a-Deus!"


Alberto Campos Júnior

mentiroso e louco

nasce uma estrela poemesca



Polyana diz (23:51):
ei, olha o meu poemesco tosco
Luca! diz (23:51):
HUM
Luca! diz (23:51):
cai, cai, balão
Luca! diz (23:51):
cai aqui na minha mão
Luca! diz (23:52):
não cai, não
Luca! diz (23:52):
não cai, não
Polyana diz (23:52):
"ele a namora / todo dia / uma hora / ele a adora/ ela, a Dora/ ela sempre diz/ te adoro/ a ele, teodoro/ todo dia eles se encontram/ na praça deodoro"
Polyana diz (23:52):
hehehehehehehehe
Polyana diz (23:52):
só besteira
Polyana diz (23:53):
paulo lemisnki na cebça
Polyana diz (23:53):
cabeça*
Luca! diz (23:53):
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Luca! diz (23:53):
q desgraceira da moléstia
Polyana diz (23:53):
tem outro
Luca! diz (23:53):
leminski deve tá mais duq murrido c a praça deodoris
Luca! diz (23:54):
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Luca! diz (23:54):
vou mandar um poemesco desse pro meu amor, pra ver se ele se xona por eu
Polyana diz (23:55):
"saia dessa saia/ entra numa calça/ calça uma japonesa/que nõa é chinesa/ enche o malote/mas, não o lote/ o que sobrar/ a gente requenta/ se esfriar/ a gente aguenta"
Polyana diz (23:55):
esse é lindo!
Polyana diz (23:55):
=d
Luca! diz (23:55):
ah, esse é de morrer o coração
Luca! diz (23:55):
meu sinhô jisuisin
Polyana diz (23:55):
são todos de minha autoria
Luca! diz (23:55):
^^2
Polyana diz (23:55):
que luxo, luana, tu amiga de uma poetiza
Polyana diz (23:56):
[ ou é poetisa??]
Luca! diz (23:56):
sério? e eu jurava q fossem todos de sêneca
Luca! diz (23:56):
eu sou amiga de uma verdadeira poetesca
Luca! diz (23:56):
haushaushauhsau
Polyana diz (23:56):
manda esse pro teu amor
Polyana diz (23:56):
poetesca, legal!
Luca! diz (23:56):
nahuuuuura
Polyana diz (23:57):
combina com meus poemescos
Polyana diz (23:57):
=d
Luca! diz (23:57):
xd
Polyana diz (23:57):
esse outro é bonitin
Luca! diz (23:57):
non, non
Luca! diz (23:57):
tomém no exagera, minha fia
Luca! diz (23:57):
é engraçadin
Luca! diz (23:57):
bunitin? já é piedade demais
Luca! diz (23:57):
xd
Polyana diz (23:58):
"a vespa besta/caiu na cesta/ a mosca morta / já não importa / e o zangão/ não tá alegre, não"
Polyana diz (23:58):
hehe
Polyana diz (23:58):
esse é infantil
Polyana diz (23:58):
=d
Luca! diz (23:58):
legal, amiga! tu é humoróloga
Luca! diz (23:58):
nussa
Polyana diz (23:58):
"hj eu cheiro flor/ amanhã hidrocor"
Luca! diz (23:58):
já tá produzindo poemescos infantilóides!!!
Polyana diz (23:58):
esse não é meu
Luca! diz (23:58):
ki berração
Luca! diz (23:58):
ops
Polyana diz (23:58):
mas, achei tão minha cara
Luca! diz (23:59):
ki lindeza, siô
Polyana diz (23:59):
=d
Luca! diz (23:59):
tive una grand idea
(...)

Luca! diz (00:08):
eu pensei q tu não gostasse de poemas
Luca! diz (00:08):
O.o
Luca! diz (00:08):
HUM
Polyana diz (00:09):
mas, leminski é diferente
Polyana diz (00:09):
é contemporâneo
Polyana diz (00:09):
é engraçado
Polyana diz (00:09):
ele brinca com as palavras
Polyana diz (00:09):
é difenrente dos sonetos, por exemplo
Polyana diz (00:09):
eu nõa gosto de poema ou poesia
Polyana diz (00:10):
com essas baboseiras melodrmáticas
Polyana diz (00:10):
mto introspectivos
Polyana diz (00:10):
ou românticos de enjoar
Polyana diz (00:10):
esses assim é que são bosn
Polyana diz (00:10):
bons*
Polyana diz (00:12):
eu achei que ele fosse um cara antigo
Luca! diz (00:13):
eu tinha uma prof q vivia recitando leminski
Polyana diz (00:13):
já morto e enterrado
Polyana diz (00:13):
por causa do leminski
Polyana diz (00:13):
mas, ai descobri que ele é curitibano
Polyana diz (00:13):
e ainda tá vivão


Luana Diniz
os ralados também são cultura na cabeça

domingo, 28 de outubro de 2007

lendo a FELIS...


"Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os bichos, o tempo; e o seu próprio conteúdo." [Paul Valéry]

O escritor francês esqueceu de explicitar o próprio homem como inimigo de sua maior criação tecnológica. Se os bichos corroem os livros, destratando suas formas, já destratadas por seus conteúdos, o homem destrata seu uso retransformando seus conteúdos em puramente inválidos e descartáveis.

A imaginação humana resguarda nas estantes os espelhos, as luzes e os lucros de cada tempo. Para alguns, o livro serve de mau conselheiro para o homem, esfregando a íntima mediocridade do escritor e do seu leitor; para outros, o livro é uma conversação com os célebres nomes de gerações passadas. Nestes dois epigramas, há saliências elitistas. Não da elite burguesa pigarreada por militantes socialistas. Mas duma elite intelectualizada que também não deixa de ser aburguesada. Elas inspiram uma guerra unilateral sobre o mundo da leitura.

Essa inspiração está infiltrada em várias políticas públicas. Para ser mais clara e objetiva, cito a feira do livro, que foi encerrada ontem, em São Luís, e deixou muitas pessoas inFELISes. A FEIRA gerou sentimentos controvérsios e surpreendentes. De repente, toda a população de São Luís pareceu estar na mesma praça. E para quê? Para comprar livros! O turista que visse tal fenômeno diria: esta é uma cidade de leitores. Mas os que tivessem bastante atenção teriam duas concepções: primeiro, FEIRA foi apenas um nome popularesco; segundo, como as pessoas são levadas por um sentimento de consumismo (a la Alberto). Cada concepção adianta várias outras. Os livros não estavam caros, só estavam no preço normal de livraria e editora, ou seja, nada acessível/coerente para uma FEIRA. As pessoas estavam se sentindo num grande evento e, embora não fossem leitoras assíduas, apenas se sentiriam com o dever cumprido de ir à feira se saíssem de lá com as sacolinhas das livrarias.

Eu não sei qual foi o corpo pedagógico que participou da realização do evento, mas se não houve, a organização está de parabéns. E se houve...ai, ai, ai! (Glup). O incentivo à leitura não é feito por meio da aglomeração de stands vendendo livros a preço de bananais. O incentivo se dá, exatamente, por meio da conscientização da população da importância da leitura. Haveria bons meios de acontecer essa conscientização. A doação de livros é uma excelente alternativa, porque, além de gerar um sentimento de co-participação, ainda beneficia aqueles que não têm grana para adquiri-los.

A FELIS (1ª Feira de livros de São Luís) merece ovações e vaias. E, embora ela seja só mais um produto da guerra citada acima, eu fico com as ovações. Afinal de contas, a FEIRA fez toda a cidade ir à uma mesma praça prestigiar um velho que, certamente metade, nunca leu, nem ouviu falar, mas já assistiu sem saber. O Ariano Suassuna é um velho engraçado, autor de obras consideradas importantes para a literatura brasileira, por tratar do 'humanismo sertanejo', mas que quiabos é 'humanismo sertanejo' para aquele povo todo que só soube rir da dicotomia mentirosos e doidos e não teve grana para comprar A Pedra do Reino (escrito em 1970 e adaptado em minissérie de três capítulos pela Rede Globo, no mês de junho deste ano), que estava custando mais de 60 pilas? Hunf

Amanhã é o dia nacional do livro. Até lá, as pessoas já esqueceram que passaram uma semana visitando stands, possuídas pelo consumismo, sem compreender que "um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós" [Franz Kafka].



Luana Diniz
ain...bolso vazio, estante vazia

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

primos pobres do jornalismo

- Quando eu crescer, eu vou ser pediatra!
- Nossa! Minha filha vai ter futuro!
(anos depois)
- Ah, mamãe. Pra fazer pediatria tem que entender pacas de biologia, química e um monte de outras coisas que são baralheiras demais para a minha cabeça. Desisto.
- Huum...Mas pensando bem. Tu gosta de ler tanto, então, por que tu não faz direito?
- O.o...Como assim a senhoria diz D-I-R-E-I-T-O (glup)??
- Ah, já estou te vendo cheia daqueles livros pequenos e grossos, com leis e leis. Depois a minha filhinha promotora, chiiiique!!!
- Não, mãe. Tem algo errado nessa sua visão! A senhora vai ter outra filha? Sim, sim. Euzinha é que não vou andar feito louca com aqueles livrescos pôôôôdresssss...
- Mas se tu não vai para a área da medicina, se tu não vai para advocacia...Tu vai fazer o quê da vida?
- Ser ou o que ser? Eis a questão!
(outra pessoa) - Luana, faz Jornalismo!! Isso. É a tua cara!!
- Iupeee...Serei Jornalista!
- Ô, minha filha... =/

Crendo um dia me tornar jornalista, com textos belissimamente publicados em vários veículos de comunicação do país, ingresso no curso de Comunicação Social, habilitação JORNALISMO, da bendita Federal do Maranhão. Juro que nunca passou pela minha cabecinha de recém-c0legial que existisse outras espécies estranhamente científicas que habitassem o mundo da comunicação. Na verdade, na verdade, o mundo da comunicação, para mim, era estritamente jornalístico, o que me dava um STATUS exclusivo de competência interlocutiva. Com o passar do tempo, tive que me conscientizar que outros seres almejavam tal competência, o que me impunha o princípio de parceria com tais primos pobres.

Com o passar do tempo, resolvi ser uma verdadeira cientista social, vivenciando empaticamente a realidade das outras espécies, para que eu pudesse ter uma visão tolerante a respeito delas. Solidariamente, contribui para o desenvolvimento cognitivo dos primos pobres da comunicação, por meio do senso e perspicácia jornalística. Já me sentindo com o dever cumprido, resolvi atender ao meu promissor futuro jornalístico.

Mas, de uma hora para a outra, parece que fui absorvida pelas características das estranhas espécies, gerando uma confusão entre todo o meio comunicacional, que deturpou minha verdadeira identidade cultural, me inferiorizando a patamares semelhantes aos dos primos pobres.
Sinceramente, estou me sentindo rejeitada, humilhada e castrada psicologicamente. Para onde eu viro dizem: "Ué?! Tua habilitação não é RP? Tu até já produziu uma revista com eles!"/ "Luana, tu faz cadeira de Rádio, porque tu sabe que Jornalismo não dá futuro!ahahah"/ "Luana, em que horário é a aula de colocar azeitona na empada?"/ "Luana de Jornal?? Mas tu tem cara de RP". Todo dia é a mesma mulecagem. Já não tem mais graça, tão entendendo?
Aff, aff, mil vezes aff! Forever aff...Isso é que dá se meter com gentinha abaixo do seu nível intelectual!!



Luana Diniz
eu sou poser, eu faço jornalismo, porraaaaaa

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Milagre Econômico no Brasil

Dizem que santo de casa não faz milagre. Ledo engano! Acabei de ter uma prova de que nossa fé é pouca, mas o santo é forte. Ainda mais no Brasil onde compartilhamos de uma variedade de crenças, credos, cultos e rituais. Em quase tudo nos apegamos à fé e de todas as maneiras: imagem de Santo Antônio virado de cabeça para baixo para arranjar marido, três pulinhos para São Longuinho se encontrar o objeto perdido, não exclamar em voz alta palavras de sentido maléfico para não atrair para si, ladainhas para acreditar no alcance de alguma graça, pedidos e preces depositados na urna da fé, óleo santo para curar feridas, gritos de louvor para pedidos serem aceitos nos céus, mãos estendidas, estalos, sibilos e água abençoada para purificar o espírito, tambores e guias para proteção espiritual, repetição de trechos bíblicos para tornar real uma vontade, e ainda mais as frases espirituais de Milena Reis (nossa mãe preta!) que nos reconfortam e consolam com o ideal de um mundo melhor com pessoas melhores.

Mas entre tantas formas de crer e tantas instituições religiosas, existe uma que tenho ce
rteza que você desconhecia como propagadora de milagres realizados. Você que é universitário já deve ter recorrido aos serviços que ela oferece sem saber que estava fazendo parte de uma religião: A Ordem dos fiéis depositários aos mercenários do Banco do Brasil. Ela é antiga e está no Brasil desde 1808, período da vinda da Família Real para este país, com toda sua nobreza e valores agregados.

Entre seus fiéis depositários estamos nós, em maioria, os universitários. Sim, os mesmos que nunca sabiam responder ao Show do Milhão - programa de TV que mais refletia a cara do povo brasileiro: sem formação, sem dinheiro, sem educação e sempre feliz! (rá- rá- rá – rá - rá).

Pois bem
, queridos colegas lisos e sem crédito no cartão, no celular e agora também no bilhete eletrônico, o objetivo deste post é o testemunho sobre o milagre que aconteceu em minha vida, digno de entrevista por uma semana no SUPERPOP (que sempre aborda temas interessantes, assim como este blog). Eu que sempre fui um tanto quanto questionador, com tendência ao ceticismo, mas sempre com a intenção de perguntar para fundamentar aquilo que se crê (epistemologias da fé, entendam...), recebi uma graça, um milagre! ALELUIA! Ô, GLÓRIA! Ô BENÇÁ! AXÉ! AMÉM! OXALÁ! AUERÊ! SAYONARÁ! RÁ!

O milagre foi tão forte que até agora estou um pouco tonto e não tive mais forças par
a continuar minhas tarefas vespertinas de hoje [22 de outubro de 2007]. Foi preciso eu voltar para casa, me recuperar com uma boa Leda Nagle entrevistando Lô Borges e um café bem quente, daqueles que pedem um pãozinho ou um beiju, hmmmmm. Mas sim, antes que eu caía no pecado da gula, preciso explicar a vocês o que aconteceu e relatar-lhes de quão maravilhosa é a graça que a Ordem dos fiéis depositários aos mercenários do Banco do Brasil nos concede. E para que você creia também que, com fé, é possível que alcançar tamanha benção!

A exatamente quatro anos sou discípulo da Ordem que tem o nome fantasia de “Banco do Brasil” para facilitar a compreensão. Durante todo esse tempo, tive uma fé “light” sem grandes atitudes ou aprofundamento. Para mim, bastava ter um contrato, conseguir um estágio e receber ao fim de cada mês um pouco das graças para depois doá-las como dízimo ao Senhor Banqueiro. Este ano, por conta da comodidade e por conta de más companhias, acabei por me desviar um pouco da Ordem e receber minhas graças por intermédio de terceiros. Mas meu nome na ata da Ordem permanecia fixo. E assim como a parábola do Filho Pródigo (não conhecem? ah, vão procurar ler a Bíblia ou a internet!), retirei um pouco de grana para desfrutar dos excessos (e necessidades) do consumismo comum a todos nós, cidadãos capitalistas. Bom, assim como o tal rapaz lá da parábola cristã, eu também me arrependi e resolvi voltar para os braços da minha amada Ordem dos fiéis depositários aos mercenários do Banco do Brasil (ainda não decoraram o nome?). Fui até a sede mais próxima localizada na minha comunidade e lá, fui logo posto à prova sobre uma das virtudes que nós, fiéis depositários, devemos ter: a paciência! Após uma longa espera, a atendente (uma moça bem vestida, de gestos contidos, porém ágeis no comando de um teclado, e que usava aparelho nos dentes e falava com voz mansa, mas ao mesmo tempo dominadora) começou a me interrogar com a mesma tranqüilidade que o dentista vai enfiando a broca ao fazermos limpeza no dente.

- Boa tarde, Senhor, em que posso ajudá-lo?
- Boa tarde, eu vim parcelar minhas dívidas com Nosso Senhor!
- Um instante que vamos verificar no controle do dízimo suas ofertas!

(pausa.)

- Um momento, Senhor!


( mais pausa e dedinhos vibrando por cima do teclado)


- Só mais um instante, Senhor!

...


...


...


...


...
(após tantas e tantas reticências...)

- Senhor, você pegou cinco bombons emprestados no mês de julho.
- Exatamente! Preciso devolver só cinco bombons, né não?!
- Senhor, estes bombons vêm com recheio e o recheio é fabricado pelas mãos santas dos filhos e anjinhos da Ordem e a cada evocação se multiplicam, assim como o milagre dos dois pães e cinco peixes. Você conhece essa parábola, não?!
- Não entendo muito bem, mas continue.
- Então, Senhor, acabamos de consultar o Oráculo dos Mercenários que nos informou que você terá que devolver apenas três sacos cheios do mesmo bombom que você pegou “emprestado”.
- Três sacos cheios? Mas isto é um milagre! Aleluia! O milagre da multiplicação! Como vocês conseguem em tão pouco tempo alcançar tal graça? Louvadas sejam todas as Ordens dos fiéis depositários (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Banco Real, Itaú, Banco Popular, HSBC...) e também suas Ordens menores (Credicard, Mastercard, Visa, Ibicard, C&A...)! Mas todo meu tesouro são exatamente estes três sacos de bombons conquistados com muito trabalho!
- E tem maior graça do que doar ao Senhor o resultado do suor do trabalho? Pense na mesma broca já citada neste texto que irá furar um por um seus dentes. Pense que você preservará seu sorriso sempre belo.
- Mas eu não poderia ir devolvendo assim... de dez a dez bombons?
- Pode, mas terá que devolver num prazo de um ano aproximadamente.
- Vamos fazer o seguinte: eu devolvo os três sacos e você cancela totalmente meu dízimo!
- Ótimo, faremos isso agora! Louvado seja o dinheiro!
- Para sempre seja louvado!

E assim foi que tive a prova que o milagre da multiplicação existe, basta ter fé e deixar de pagar alguma das suas faturas da Ordem. Passei a ver tudo com outros olhos: o amarelo da Ordem é mais bonito! Os bancários que atendem na Ordem são mais confiáveis! (sobretudo por conta dessas fofocas que falam sobre juros) Não ter bombons no bolso evitará que eu consuma produtos ilícitos e que induzem ao comportamento desmedido (é só perguntarem para a estrelinha de um dos post’s abaixo se ela ainda sabe como refletir a luz do sol e se ela sabe diferenciar os movimentos de translação e de rotação). Enfim, foi melhor para a minha salvação.

Pelo menos evita eu ser assaltado... Até porque estou completamente liso!


Alberto Júnior

"Louvado seja nosso Senhor Capitalismo!"














sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Desgraça pouca é bobagiiiiiiiiiiiiiiiiii!



p.s.:História baseada em fatos reais
p.s.: os nomes das personagens são fictícios para resguardar a boa imagem, integridade e reputação dos envolvidos (se é que eles têm...)

Estrela tava num daqueles dias em que não se deve sair de casa, ainda assim, saiu. Sua manhã foi chata, ela estava organizando um evento e no meio de cola banner aqui, gruda um cartaz ali, põe uns folders pra acolá, Estrela acaba engolindo um pedaço de fita adesiva que grudou na garganta e a incomodou o dia todo. À tarde, ela foi para o outro “emprego” onde encontrou sua amiga Lua que a convida para beber. Estrela topa, mas avisa logo a amiga que ta sem um vintém no bolso, sua grana atrasou [de novo]. A amiga ri da desgraça dela e diz que tá na mesma situação. Beber como se não há grana? Eis que as duas sabem de um ponche que ia rolar dentro da universidade. “Opa, bebida de graça e sem ter que se ir muito longe”. As duas, então, seguiram para louvar Dionísio. Quando experimentam o tal ponche histórico: só água! Água com gelo e maçã...cadê o álcool?!
Decepcionadas com a fraude no ponche, elas, ainda sedentas por álcool, foram ao encontro de um amigo, Sol, que, ao contrário das duas, tinha alguns trocados que dava pra se embebedar.
A caminho do lugar onde Estrela e sua amiga, Lua, encontrariam o Sol, acontece a segunda decepção da noite. Dessa vez amorosa. Estrela viu o grande Meteoro de sua vida (na verdade, nem tão grande assim) com uma sirigaita. Seu mundo acabou ali. Um motivo a mais pra beber.
Chegam em determinado bar, já acompanhadas do Sol e pedem um vinhozinho básico. O pior de todos, parecia suco de uva com pitadas de gengibre...ecaaaaaaaaaa!
Terceira decepção na noite: Estrela e seus amigos não conseguiram se embriagar de fato.
Nesse meio tempo, Estrela percebeu que não sentia mais a fita na garganta. “Ufa! Finalmente esse troço desgrudou”.
Eles pedem um segundo vinho. O vinho vem sem gosto de gengibre, sem gosto de álcool, sem gosto de uva. Sem gosto, simplesmente...aff!
Depois de terem ouvido um Fernando de Carvalho regueiro e desafinado e uma bêbada dando-lhes conselhos bíblicos, os três decidem ir embora. A noite não era pra eles. Assim, eles vão pro ponto de ônibus pegar cada um o seu busão.
Lua é a primeira a partir, uns dez ou quinze minutos depois passa o ônibus de Estrela. Ela senta e por alguns instantes respira fundo e desabafa “até que não foi tão ruim assim”.
[Ow, boca maldita! Ow, pensamento infame!]
Estrela olhando para a rua deserta pela janela do ônibus, percebe que o motorista optou por um percurso diferente do de costume. “Ai, meldels! Pr’onde esse homem vai??? minha casa não fica pra esse lado”.
Ela, jurando que o motorista tinha errado a rua, grita dentro do ônibus: “moço, volta! O ônibus deveria ter entrado naquela rua ali e não nessa...”
O cobrador, um senhor de idade, olha pra Estrela e sorri. “Esses jovens drogados...”, deve ter pensado.
Estrela, então, pergunta para um outro passageiro: “esse não é o Cidade Olímpica São Francisco?”
E o rapaz: “não, é Cidade Operária São Francisco!”
“Caraaaaaaaaaaaalhoooo, peguei o ônibus errado”, pensou Estrela muito alto, por sinal, que todos fitaram-na com ar de reprovação. E agora o que fazer?
Estrela, desesperadamente pede parada no meio do nada, tudo escuro, quase meia-noite.
Pra piorar tudo, ela só tinha quarenta centavos de créditos na carteira de transporte. Lisa, lisa como um...quiabo!
A única idéia que lhe ocorreu foi pedir socorro pra sua amiga Lua que morava perto dali...mandou uma, duas mensagens e nada da Lua responder...as horas passavam, Estrela aflita decide ir andando até sua casa que não tava tão longe assim, em quinze minutos dava pra chegar lá. Morrendo de medo, ela bate um recorde e chega em casa em menos de dez minutos. Suada, ofegante, toma um banho, come uma besteirinha e vai dormir. Ao repousar a cabeça no travesseiro ela pensa consolada “ainda bem que nada de ruim me aconteceu, agora é só dormir sossegada”.
Mal fechou os olhos e começou a tossir...cof!cof!cof!
Sentou na cama e aff: voltou a sentir a fita adesiva grudada na garganta.


Polyana Amorim
Contando ninguém acredita!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"a partir de agora, minhas participações neste blog serão dirigidas ao meu alterego(cêntrico) Marshal de Mellow..."


Querido amigo Marshall, boa noite!


Neste momento faltam 15 minutos para a chegada da sexta feira (19) e estou muito cansado. Sabemos da luta diária de muita gente que labuta nesse país, e ainda ficamos sabendo mais por conta das matérias que vimos no programa Profissão Repórter Especial do canal 10.


Sinto-me cansado não só porque as tarefas fogem ao meu descontrole, mas por me questionar sobre tudo que faço. E tudo que faço pergunto a você e você sempre discordando de mim, dizendo para eu largar tudo e viver de amor. ah, Marshall, parece que você vive num mundo irreal!


Tomar decisões é algo que sempre ouvi dizer como "coisa de adulto". Mas quando se é adulto e se tem que tomar decisões nos dá uma vontade de fazer um "mamãe mandou". Grana ou marketing pessoal? o que é melhor?


Marshall, estou nesse dilema, nesta faca de dois gumes, neste chove-não-molha... Quando temos dois caminhos para escolher um, o que fazer? como não se arrepender depois? como ponderar?


Mas não quero falar de problemas, mas de soluções também.


Você viu que linda a praça Maria Aragão, Marshall? Localizada no Centro Histórico de São Luís e onde acontece até o dia 27 a 1ª Feira do Livro de São Luís, Maranhão (FELIS). O evento tem como objetivo democratizar o acesso a leitura e fomentar as cadeias produtivas e criativas do livro. Não é legal?


E na programação muita coisa interessante: seminários, palestras, oficinas, debates, interpretações poéticas, livros e livros....


Sabe quem vem, Marshall? Nélida Piñon (que vc sabe que eu adoro!), Ariano Suassuna (outro tb q devociono), Affonso Romano de Sant'Anna (sobrancelhudo!), Moacir Sclyar, Adriano Duarte Rodrigues (ai, minhas aulas de comunicação comparada...), Thiago de Mello, Ignácio de Loyola Brandão, entre outros.


Enfim, Marshall é muita leitura de mundo!


Serei FELIS por uns instantes!


Minhas estimas,


Alberto Júnior

ainda ouvindo vozes...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A arte de dobrar papel







Cá estou eu no meu estágio mais que superchato. Acabei de terminar [=D] uma das atividades dentro do meu ofício que é a de enviar os jornais do órgão no qual trabalho para os outros espalhados pelo Brasil. Mas, isso não significa dizer que eu apenas repasse os jornais ao setor responsável pelo envio. Antes fosse! Além de sugerir todas as pautas e escrever a maioria das matérias [e o meu nome ainda sai só como colaboradora do jornal, vê se pode!], eu ainda tenho que receber os jornais da gráfica e dobrar, isso mesmo meus amiguinhos, DOBRAR os jornaizinhos em grupos de três para poder envelopá-los e assim manda-los pra PQP.
Agora, imaginem cerca de mil exemplares divididos em dois mega-pacotes e eu tendo que ocupar algumas manhãs da minha vida dobrando-os.¬¬’
Estou há sete meses e alguns quebrados nessa função e hoje encaro tal “arte” como terapia ocupacional. Assim como os japoneses e os mouros com seus origamis, é dobrando os jornaizinhos que eu canalizo toda minha fúria de estagiária que não tem seu trabalho financeiramente reconhecido, por que só elogio não paga minhas contas.
Até já desenvolvi uma técnica digna das de Pai Mei pra dobrar os jornais, às vezes faço em um dia só dependendo do meu humor volúvel.
A verdade é que eu nem reclamaria se fizesse isso a cada três meses, mas eu faço sempre e sempre aqui quer dizer quase todo dia. ¬¬’’
Além desse trimestral há ainda um jornal quinzenal que mesmo não sendo de grandes proporções, dá um trabalhinho...Eu pauto, escrevo, diagramo, mando reproduzir e depois: dobro, um por um. Pelo menos no nacional/trimestral eu posso burlar as regras e em vez de dobrar três, eu ponho quatro, às vezes cinco, não mais que seis que é pra terminar mais rápido [=D]...mas, nesse quinzenal eu pago todos os meus pecados. E, advinha quem faz a entrega de setor em setor?! Eu que nem sou RP. ¬¬’’’

***

“-Oi, Poly! tudo bom?! –tudo! – o que tu andas fazendo? – eu tô estagiando. – nossa, que legal, onde?. – numa assessoria. – assessoria? Ui, que chique! então, tu faz isso, isso e aquilo. – não, eu só dobro papel...”

¬¬’’’’’’’’’’’’’’’’’’





Polyana Amorim
é isso ai, psit!



segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Habemus Nação!




Depois de tanta espera, tantas frustrações, na última quinta (11/10/07) rolou o tão aguardado show da banda pernambucana Nação Zumbi, para alegria de todos e felicidade geral da nação (zumbizada!). Acho que ninguém saiu insatisfeito de lá. Os grandes hits foram tocados, a banda tava bem animada e a galera mais ainda.
Um show bonito que nem o atraso de quase três horas desanimou quem esteve presente. Mesmo que começasse lá pelas três da madrugada, todos continuariam esperando a banda, que não deixa a desejar nem um pouco com a falta do Chico Science. Digo isso por que na tarde dessa mesma quinta, ouvi uma pessoa dizer "ah, se fosse ainda com o Chico Science... ah, esse sim dava gosto de ver!"
¬¬ Só lamento...
Essa pessoa perdeu um show e tanto. Eu não tive a oportunidade de ver o Chico no palco, mas Du Peixe é um exímio front man. Ele e o Maia sabem agitar a galera que em harmonia com o resto da banda...putz! Os caras detonam!

Por favor, que ninguém mais repita uma besteira dessas na minha frente.
Nação é foda e ponto final!
Pra mim, foi um show antológico com direito a rodinha punk, fumacinha fazendo a cabeça da galera, canto de xangô, reggae e Je t’aime.
Quem esteve no show e saiu de lá não gostando de Nação, bom sujeito não é!




Polyana Amorim
no caminho do Blunt of Judah

domingo, 14 de outubro de 2007

luz, câmera, pão!

Depois do filme "casa nova, e agora?", com suas respectivas tralhas colocadas no lugar, seus devidos visitantes recebidos, suas devidas atividades transcorrendo tranquilamente, é hora de arregaçar as mangas e colocar a mão na massa =) do CINETOWN. Para aqueles que não sabem ou imaginem que sua realização seja fruto do fumo de uma maconha no show de Nação Zumbi, afirmo que ele é mais do que real. Ele é o tormento do MSN, no sábado, à noite, quando os detalhes mais sórdidos são colocados em pratos limpos para aqueles que se compremetem a comparecer e, na hora H, inventam uma reuniãozinha para não comer lasanha, que a minha mãe se preocupa em mandar fazer com todo o carinho.

Uma outra explicação que pode ser dada também se refere ao tormento de meses e meses programando a tal sessão cinema tosca e ralada em casa, sem nenhuma casa apropriada para abrigar decentemente, como denomina Polyana, o QG dos Toscos e Ralados. Você ainda continua perdido nesse troço bem estranho? Tudo bem. Explico melhor. O CINETOWN é a prorrogação do segundo tempo dos TeR, que sempre é iniciado com um Bom Dia alegre, depressivo, triste ou esperançoso no chatO de segunda a sexta-feira. A princípio, o nome seria CINE&TALz, modificado posteriormente por Alberto, após assistir ao filme CHINETOWN. O TALz foi substituído pelo TOWN, que, de certa forma, é bem insinuante, se lembrado que sua sede é exatamente na cidade (toda besta agora, ó! hihihi).

Na tarde deste sábado (13 de outubro de 2007), o CINETOWN foi inaugurado com todas as pombas e serpentinas: coca-cola, torta, sonho e, claro, muita tosquice, embora a ata de instituição tenha sido assinada por apenas duas toscas e raladas do trio dinâmico. É verdade que o filme (Pulp Fiction) ficou em milésimo plano, a não ser no momento da cena de uma dancinha tosca ¬¬', eleita por Polyana a maravilha do filme, enquanto eu comparava a minha apreciação à sensibilidade da dita cuja com a beleza lunar. Detalhe: ela pouco se importa com a lua. Aff. (Agora, ela se importa mesmo é com o padeiro da minha rua, por quem ela sentiu as pernas cambalearem, o coração bater aceleradamente, as mãos suarem num mar de felicidade.)

Enfim, com a fundação do CINETOWN, esperamos que os demais sócios coloquem a mão na massa (não a do pão do padeiro de Polyana, claro...huhuhu) e colaborem para o seu sucesso, adquirindo DVDs sem dancinhas idiotas e contribuindo para o pão nosso de cada sábado...




Luana Diniz
sócio-fundadora do CINETOWN

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

malas e caixas

Ufa! Depois de dias, que pareceram décadas, distante do nosso blog e de assuntos engavetados e emaranhados por teias de aranhas, “eu voltei, voltei para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar”.

Nesse ínterim, a mocinha sempre bondosa e tolinha estava lá na TV todas as noites me enchendo o saco e eu louca para falar mal dela com vocês; os outdoors espalhados em São Luís esfregavam o demoníaco pacto política-imprensa«-»imprensa-política nos olhos da população a cada viagem de ônibus e eu louca para gritar isso com vocês, além de um bando de outras coisas "inuteimportantes" aconteciam. Mas agora resolvi deixar a vida alheia no escanteio e falar da minha. Não! Não vou contar nenhum babado, nem desabafar sentimentos escusos com vocês. Quer dizer... Vou desabafar sim. Aaaahhh, acompanha aí e compreende qual é o meu assunto da vez. =]

Há quinze anos, mudei de bairro pela primeira vez na minha vida. Obviamente que, aos três (huhuhu) anos de idade, a gente nunca entende nada e tudo vira diversão. E assim o foi para mim. Lembro que a minha única preocupação naquele momento foi o de cuidar do meu cachorro Dog (o nome dele era Dog mesmo...foi uma das primeiras palavras inglesas que aprendi), enquanto o mundaréu desarrumava a antiga casa – na qual vivi os mais belos momentos da vida com meus três irmãos mais velhos –, outros se despediam da vizinhança e os carros chegavam para pegar os nossos móveis; logo depois vinha a arrumação na casa nova, ainda em reforma, num residencial ermo, com apenas duas crianças com quem eu poderia brincar. Foram anos interessantes para a minha família de mãe, quatro irmãos e um totó, que morreu dois anos depois da mudança. Habituei-me ao novo local, como se nele eu tivesse nascido e o outro nunca tivesse existido. Mas também! O bairro era, literalmente, uma cidade... Cidade Operária, um bairro projetado distante de vários outros bairros de São Luís.

A nossa casa ficava no centro do bairro. Considerávamo-nos privilegiados pela localização, pois ao nosso redor tínhamos tudo e mais um pouco: o posto de saúde, a delegacia, uma unidade da companhia de águas e esgotos, uma unidade da companhia elétrica, igrejas, feira, lanchonetes, farmácias, lojas e boutiques.

Da família de mãe, quatro irmãos e um totó, sobramos eu e minha mãe. O totó, como eu já disse, morreu pouco tempo depois que chegamos e os irmãos casaram. A casa ficou grande demais para apenas duas pessoas, embora mamãe sempre tivesse a certeza que seu caminho após a CO fosse o cemitério. Já eu, com uma vida prometidamente longa pela frente, tinha a consciência de um dia ser obrigada a mudar de bairro, de cidade, de estado, de país, de continente e até de planeta. Não que eu não gostasse da CO, mas por uma pura questão de seguir em frente.

No entanto, a mudança veio mais cedo do que se esperava, tanto para mim, quanto (mais ainda) para mamãe. É. Não controlamos nossa vida, isso é fato. A decisão veio desde o começo deste ano, mas o processo só foi iniciado meses depois e finalizado nessa semana. Alguns já desacreditavam nessa bendita mudança e muitas intempéries retardaram-na. Contudo, cá estou falando dela na casa nova. Uma casa que já não é mais nova, só é a minha casa e pronto.

Eu anseava por esse dia mais pela palavra MUDANÇA em si. Ah! Coisas estáticas não se movimentam e eu preciso me movimentar para viver. E assim eu pensei que devesse acontecer mesmo que ela competisse apenas ao endereço. Porém, o que nasceu no dia foi um sentimento de culpa, de traição. Sei lá, parecia que eu estava negando uma parte da minha vida por uma promessa de movimento. A priori, o agito na minha antiga casa (agora é “a antiga”) me deixou fora da órbita desses sentimentos, mas assim que vi os carros partindo e percebi que eu não estava indo à esquina comprar café e sim indo embora de vez daquela casa, me deu uma vontade enorme de chorar, de me despedir de cada parede, de cada compartimento... Mas só consegui sorrir do meu ridículo e seguir como se eu estivesse indo buscar o meu totó e os meus irmãos para morarem comigo novamente.

Como eu nunca tive grandes amizades e ‘colegagens’ com vizinhança, me despedi de apenas uma pessoa que sempre foi muito legal comigo. Os demais ficaram para trás sem nenhum ressentimento. Quando o carro estava deixando a CO, comecei a dar tchau para cada ponto significante do bairro: a padaria, em que eu comia torta de chocolate; a igreja, em que fiz obrigatoriamente a catequese; a parada de ônibus que fica a cinqüenta passos da (antiga) casa; a lanchonete, cujo movimento agitado resguardava minhas chegadas de madrugada; o comércio, em que eu comprava caixa de chocolate, a farmácia, onde eu me pesava, para controlar minha dieta e a faculdade (aff!), que ainda vai me prender por um bom tempo.

Ao chegar à Vila Passos, meus sentimentos foram substituídos pela missão de arrumação das coisas retiradas dos carros e, posteriormente, pelo cansaço físico que permanece no meu corpo, ainda. Mas a noite foi intranqüila. Senti-me na casa de um estranho e acordei, às 3h da madrugada, para olhar em volta. De repente, tive a sensação que a arrumação que eu tinha feito durante o dia anterior tinha sido inútil, porque depois eu teria que encaixotar tudo novamente e despejar na antiga casa. Mas a sensação era solitária. A consciência me deixou melancólica e com a obrigação de adaptação à nova realidade. Tive que sair com a minha mãe no dia seguinte e nisso fiz uma espécie de tour pelo bairro para reconhecer a área. A princípio, eu era mais uma estrangeira explorando um terreno e todos os seus nativos me olhavam desconfiados, observando as características diferentes que eu tinha deles. Desse tour, fiquei sabendo que da parada de ônibus à casa darei 465 passadas, praticamente, nove vezes mais as que eu dava antes. Putz! Que cansaço. E olha que isso nem vai me ajudar a emagrecer e sim a ganhar varizes. ¬¬’

A casa, que eu achei de tamanho adequado e prático durante a reforma, começou a ser grande demais para apenas duas pessoas. Meu quarto permanece verde, só esperando eu colar o meu mural de fotos e o Bob veio junto para carregar as chaves. A vizinhança é... Hum... Ainda não sei e nem me importa saber. Enfim, minhas primeiras impressões estão imersas em um balde de sentimentos confusos, que vão desde a culpa ao nada de nada. No mais, vou ali preparar um cafezinho para deixá-los à vontade na minha nova casa. Ops. Na minha casa!


Luana Diniz
a macumba de Polary não pegou...só de mal! :-p

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Uma Fé Plural


Para ler ouvindo... (Credo - Milton Nascimento)

Para começo de conversa, eu afirmo: sou católico. Mas não se preocupem que não vim postar um texto messiânico, evangélico ou de apelo religioso. Apenas gostaria de relatar uma experiência religiosa que de forma alguma oprime meu olhar tosco e ralado. Afinal, pra que serve esta merda de blog?! ops, desculpem! vou evitar os palavrões porque papai do céu não gosta.



No dia 04 de outubro, quinta passada, teve início os festejos do Círio de Nazaré no bairro do Cohatrac (São Luís, Maranhão). A festa é o segundo maior evento católico do Maranhão e reúne a cada ano em torno de 250 mil pessoas na procissão de encerramento, 14 de outubro. Outro ponto forte é a Romaria do Círio que acontece na primeira madrugada de sábado para domingo do festejo. A Romaria é uma procissão com percurso maior e mais dinâmico no qual os devotos aproveitam para pagar promessas, renovar a fé, cantar, orar e ultrapassar limites, afinal, a distância percorrida pelos romeiros do Círio é de 15 quilômetros. Eles vão do Centro da cidade até o Cohatrac situado na periferia (afastado do centro) de São Luís. A caminhada tem início à meia noite e segue por toda a madrugada até as seis da manhã, horário de chegada na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré no Cohatrac, onde acontece a Missa dos Romeiros. Este ano, quinze mil pessoas participaram da Romaria, segundo a polícia militar.



Feito esta apresentação do que é a Romaria, posso me adentrar nos aspectos e nas situações por mim observadas durante o momento.


Primeiramente, faz-se necessária uma observação pertinente sobre a minha participação no referido evento. Eu sou componente de uma das equipes que organizam evento, no caso, o Ministério de Música, e, portanto, já imaginam o que eu deveria estar fazendo durante TODA a Romaria que me deixou rouco por conseqüência.


Nas romarias, como em todo espaço onde há reunião de pessoas, e sobretudo, de MUITAS pessoas, acaba prevalecendo a diversidade e a pluralidade. Sim, senhores! Não fiquem imaginando eu suas cabecinhas um monte de senhoras com terço na mão rezando ladainhas, com véus escuros na cabeça e em passos lentos de tanto pecado. Romaria agora é evento pop com direito a três carros de som de alta potência em forma de trios elétricos. É o carnaval da fé, meu povo! Mas vamos com calma... sabemos que toda forma de comparação e generalização é perigosa. A estrutura e a dinâmica são parecidas, mas não são a mesma coisa. Existe uma bunda, uma calça coladinha, uns gritinhos bem agudos (essa parte nem tanto...), uma Carla Perez, uma boa conta bancária, músculos, que me diferem e muito d'uma criatura chamada Xandy. (q horrorível...) Mas, para quem quer criticar essas diferenças somem e tudo cai no mesmo conceito.

Mas tá! Antes d'eu ser esculachado por isso, preciso retomar o fio condutor desse texto que é o motivo do post: a fé. Como disse, sou católico, assim como mais da metade da população brasileira, mas que já não sabe a diferença de uma hóstia para um biscoito. Se tem uma coisa que me emociona de verdade é a expressão popular "ingênua" e livre. Sem influência cultural dos elementos pós-modernos (uiiiiii!). Como um menino que brinca com sua piroquinha sem saber que lhe dá prazer. (Ô papai do céu, perdão, eu disse que ia me controlar...)

A fé é algo assim... espontâneo! E em Romarias como essa existem vários exemplos por meio de várias pessoas com as mais variadas motivações. Era gente com casa de papelão na cabeça (Luana,eu ainda te liguei, viu!), gente descalça, gente com velas enormes, gente sem nada na mão, gente com flores, gente compenetrada, gente esfuziante, gente... Aí passa em sua cabeça várias interrogações e sentimentos, como "esse povo parece que gosta de sofrer com essas idéias de promessa...", "onde já se viu ficar carregando coisas pra ver se acontece algo? ô falta de razão!", "mas isto ai só quer se mostrar...", "será que ele não sente dor em fazer isso?", ENFIM.

Não importando os motivos, o importante é perceber que vontade e o desejo de que se realize algo, de grandes ou pequenas proporções, é o que explica a fé. É o acreditar em algo subjetivo com a mesma certeza de que eu tenho que você está lendo este post e continuará lendo até o final (heheheehhehe... tb prometi não usar persuasão religiosa, desculpe papai do céu...).

Mas voltando à análise tosca e ralada, imaginem quantas tribos não se reúnem em eventos como esses? malandros, emos, pagodeiros, GLBTT'S, senhoras, famílias, jovens, crianças, religiosos, curiosos, preguiçosos, bêbados, turistas, mochileiros, etc e tal. E dentro dessa pluralidade, não há como negar uma característica humana: a sociabilidade. O povo adora povo e adora estar junto.

E foi assim que mais uma vez, passei a noite entoando iê-iê-iê's, músicas de Marcelo's rossi da vida, Zezinho's, até mesmo versões de Chiclete com Banana e Ivete Sangalo com alterações da letra por mensagens religiosas, tudo em clima de tropicalismo religioso néo-pop-moderno-secular! (ieiiiiiiii!)

E eu continuo católico pelo IBGE.


Alberto Júnior

"O papa é pop"

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