segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Uma Fé Plural


Para ler ouvindo... (Credo - Milton Nascimento)

Para começo de conversa, eu afirmo: sou católico. Mas não se preocupem que não vim postar um texto messiânico, evangélico ou de apelo religioso. Apenas gostaria de relatar uma experiência religiosa que de forma alguma oprime meu olhar tosco e ralado. Afinal, pra que serve esta merda de blog?! ops, desculpem! vou evitar os palavrões porque papai do céu não gosta.



No dia 04 de outubro, quinta passada, teve início os festejos do Círio de Nazaré no bairro do Cohatrac (São Luís, Maranhão). A festa é o segundo maior evento católico do Maranhão e reúne a cada ano em torno de 250 mil pessoas na procissão de encerramento, 14 de outubro. Outro ponto forte é a Romaria do Círio que acontece na primeira madrugada de sábado para domingo do festejo. A Romaria é uma procissão com percurso maior e mais dinâmico no qual os devotos aproveitam para pagar promessas, renovar a fé, cantar, orar e ultrapassar limites, afinal, a distância percorrida pelos romeiros do Círio é de 15 quilômetros. Eles vão do Centro da cidade até o Cohatrac situado na periferia (afastado do centro) de São Luís. A caminhada tem início à meia noite e segue por toda a madrugada até as seis da manhã, horário de chegada na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré no Cohatrac, onde acontece a Missa dos Romeiros. Este ano, quinze mil pessoas participaram da Romaria, segundo a polícia militar.



Feito esta apresentação do que é a Romaria, posso me adentrar nos aspectos e nas situações por mim observadas durante o momento.


Primeiramente, faz-se necessária uma observação pertinente sobre a minha participação no referido evento. Eu sou componente de uma das equipes que organizam evento, no caso, o Ministério de Música, e, portanto, já imaginam o que eu deveria estar fazendo durante TODA a Romaria que me deixou rouco por conseqüência.


Nas romarias, como em todo espaço onde há reunião de pessoas, e sobretudo, de MUITAS pessoas, acaba prevalecendo a diversidade e a pluralidade. Sim, senhores! Não fiquem imaginando eu suas cabecinhas um monte de senhoras com terço na mão rezando ladainhas, com véus escuros na cabeça e em passos lentos de tanto pecado. Romaria agora é evento pop com direito a três carros de som de alta potência em forma de trios elétricos. É o carnaval da fé, meu povo! Mas vamos com calma... sabemos que toda forma de comparação e generalização é perigosa. A estrutura e a dinâmica são parecidas, mas não são a mesma coisa. Existe uma bunda, uma calça coladinha, uns gritinhos bem agudos (essa parte nem tanto...), uma Carla Perez, uma boa conta bancária, músculos, que me diferem e muito d'uma criatura chamada Xandy. (q horrorível...) Mas, para quem quer criticar essas diferenças somem e tudo cai no mesmo conceito.

Mas tá! Antes d'eu ser esculachado por isso, preciso retomar o fio condutor desse texto que é o motivo do post: a fé. Como disse, sou católico, assim como mais da metade da população brasileira, mas que já não sabe a diferença de uma hóstia para um biscoito. Se tem uma coisa que me emociona de verdade é a expressão popular "ingênua" e livre. Sem influência cultural dos elementos pós-modernos (uiiiiii!). Como um menino que brinca com sua piroquinha sem saber que lhe dá prazer. (Ô papai do céu, perdão, eu disse que ia me controlar...)

A fé é algo assim... espontâneo! E em Romarias como essa existem vários exemplos por meio de várias pessoas com as mais variadas motivações. Era gente com casa de papelão na cabeça (Luana,eu ainda te liguei, viu!), gente descalça, gente com velas enormes, gente sem nada na mão, gente com flores, gente compenetrada, gente esfuziante, gente... Aí passa em sua cabeça várias interrogações e sentimentos, como "esse povo parece que gosta de sofrer com essas idéias de promessa...", "onde já se viu ficar carregando coisas pra ver se acontece algo? ô falta de razão!", "mas isto ai só quer se mostrar...", "será que ele não sente dor em fazer isso?", ENFIM.

Não importando os motivos, o importante é perceber que vontade e o desejo de que se realize algo, de grandes ou pequenas proporções, é o que explica a fé. É o acreditar em algo subjetivo com a mesma certeza de que eu tenho que você está lendo este post e continuará lendo até o final (heheheehhehe... tb prometi não usar persuasão religiosa, desculpe papai do céu...).

Mas voltando à análise tosca e ralada, imaginem quantas tribos não se reúnem em eventos como esses? malandros, emos, pagodeiros, GLBTT'S, senhoras, famílias, jovens, crianças, religiosos, curiosos, preguiçosos, bêbados, turistas, mochileiros, etc e tal. E dentro dessa pluralidade, não há como negar uma característica humana: a sociabilidade. O povo adora povo e adora estar junto.

E foi assim que mais uma vez, passei a noite entoando iê-iê-iê's, músicas de Marcelo's rossi da vida, Zezinho's, até mesmo versões de Chiclete com Banana e Ivete Sangalo com alterações da letra por mensagens religiosas, tudo em clima de tropicalismo religioso néo-pop-moderno-secular! (ieiiiiiiii!)

E eu continuo católico pelo IBGE.


Alberto Júnior

"O papa é pop"

2 comentários:

Davi Coelho disse...

Cabra!!
Quando tudo isso é sincero e talicoisa, é bonito de se ver sim.
A FÉ das pessoas é algo bonito.
Mas eu acho meio que desnecessário certos sacrifícios excentricos, como esse da casa de papelão.
O moço Filho do Homem já levou sobre si nossas dores. ^^

Abração Alberto!

Luca disse...

huashauhsuahsau

Me ligou sim, infeliz! Me acordou para me fazer pagar mico, mas Deus não deixou!
iu, iu, iu

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