sexta-feira, 12 de outubro de 2007

malas e caixas

Ufa! Depois de dias, que pareceram décadas, distante do nosso blog e de assuntos engavetados e emaranhados por teias de aranhas, “eu voltei, voltei para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar”.

Nesse ínterim, a mocinha sempre bondosa e tolinha estava lá na TV todas as noites me enchendo o saco e eu louca para falar mal dela com vocês; os outdoors espalhados em São Luís esfregavam o demoníaco pacto política-imprensa«-»imprensa-política nos olhos da população a cada viagem de ônibus e eu louca para gritar isso com vocês, além de um bando de outras coisas "inuteimportantes" aconteciam. Mas agora resolvi deixar a vida alheia no escanteio e falar da minha. Não! Não vou contar nenhum babado, nem desabafar sentimentos escusos com vocês. Quer dizer... Vou desabafar sim. Aaaahhh, acompanha aí e compreende qual é o meu assunto da vez. =]

Há quinze anos, mudei de bairro pela primeira vez na minha vida. Obviamente que, aos três (huhuhu) anos de idade, a gente nunca entende nada e tudo vira diversão. E assim o foi para mim. Lembro que a minha única preocupação naquele momento foi o de cuidar do meu cachorro Dog (o nome dele era Dog mesmo...foi uma das primeiras palavras inglesas que aprendi), enquanto o mundaréu desarrumava a antiga casa – na qual vivi os mais belos momentos da vida com meus três irmãos mais velhos –, outros se despediam da vizinhança e os carros chegavam para pegar os nossos móveis; logo depois vinha a arrumação na casa nova, ainda em reforma, num residencial ermo, com apenas duas crianças com quem eu poderia brincar. Foram anos interessantes para a minha família de mãe, quatro irmãos e um totó, que morreu dois anos depois da mudança. Habituei-me ao novo local, como se nele eu tivesse nascido e o outro nunca tivesse existido. Mas também! O bairro era, literalmente, uma cidade... Cidade Operária, um bairro projetado distante de vários outros bairros de São Luís.

A nossa casa ficava no centro do bairro. Considerávamo-nos privilegiados pela localização, pois ao nosso redor tínhamos tudo e mais um pouco: o posto de saúde, a delegacia, uma unidade da companhia de águas e esgotos, uma unidade da companhia elétrica, igrejas, feira, lanchonetes, farmácias, lojas e boutiques.

Da família de mãe, quatro irmãos e um totó, sobramos eu e minha mãe. O totó, como eu já disse, morreu pouco tempo depois que chegamos e os irmãos casaram. A casa ficou grande demais para apenas duas pessoas, embora mamãe sempre tivesse a certeza que seu caminho após a CO fosse o cemitério. Já eu, com uma vida prometidamente longa pela frente, tinha a consciência de um dia ser obrigada a mudar de bairro, de cidade, de estado, de país, de continente e até de planeta. Não que eu não gostasse da CO, mas por uma pura questão de seguir em frente.

No entanto, a mudança veio mais cedo do que se esperava, tanto para mim, quanto (mais ainda) para mamãe. É. Não controlamos nossa vida, isso é fato. A decisão veio desde o começo deste ano, mas o processo só foi iniciado meses depois e finalizado nessa semana. Alguns já desacreditavam nessa bendita mudança e muitas intempéries retardaram-na. Contudo, cá estou falando dela na casa nova. Uma casa que já não é mais nova, só é a minha casa e pronto.

Eu anseava por esse dia mais pela palavra MUDANÇA em si. Ah! Coisas estáticas não se movimentam e eu preciso me movimentar para viver. E assim eu pensei que devesse acontecer mesmo que ela competisse apenas ao endereço. Porém, o que nasceu no dia foi um sentimento de culpa, de traição. Sei lá, parecia que eu estava negando uma parte da minha vida por uma promessa de movimento. A priori, o agito na minha antiga casa (agora é “a antiga”) me deixou fora da órbita desses sentimentos, mas assim que vi os carros partindo e percebi que eu não estava indo à esquina comprar café e sim indo embora de vez daquela casa, me deu uma vontade enorme de chorar, de me despedir de cada parede, de cada compartimento... Mas só consegui sorrir do meu ridículo e seguir como se eu estivesse indo buscar o meu totó e os meus irmãos para morarem comigo novamente.

Como eu nunca tive grandes amizades e ‘colegagens’ com vizinhança, me despedi de apenas uma pessoa que sempre foi muito legal comigo. Os demais ficaram para trás sem nenhum ressentimento. Quando o carro estava deixando a CO, comecei a dar tchau para cada ponto significante do bairro: a padaria, em que eu comia torta de chocolate; a igreja, em que fiz obrigatoriamente a catequese; a parada de ônibus que fica a cinqüenta passos da (antiga) casa; a lanchonete, cujo movimento agitado resguardava minhas chegadas de madrugada; o comércio, em que eu comprava caixa de chocolate, a farmácia, onde eu me pesava, para controlar minha dieta e a faculdade (aff!), que ainda vai me prender por um bom tempo.

Ao chegar à Vila Passos, meus sentimentos foram substituídos pela missão de arrumação das coisas retiradas dos carros e, posteriormente, pelo cansaço físico que permanece no meu corpo, ainda. Mas a noite foi intranqüila. Senti-me na casa de um estranho e acordei, às 3h da madrugada, para olhar em volta. De repente, tive a sensação que a arrumação que eu tinha feito durante o dia anterior tinha sido inútil, porque depois eu teria que encaixotar tudo novamente e despejar na antiga casa. Mas a sensação era solitária. A consciência me deixou melancólica e com a obrigação de adaptação à nova realidade. Tive que sair com a minha mãe no dia seguinte e nisso fiz uma espécie de tour pelo bairro para reconhecer a área. A princípio, eu era mais uma estrangeira explorando um terreno e todos os seus nativos me olhavam desconfiados, observando as características diferentes que eu tinha deles. Desse tour, fiquei sabendo que da parada de ônibus à casa darei 465 passadas, praticamente, nove vezes mais as que eu dava antes. Putz! Que cansaço. E olha que isso nem vai me ajudar a emagrecer e sim a ganhar varizes. ¬¬’

A casa, que eu achei de tamanho adequado e prático durante a reforma, começou a ser grande demais para apenas duas pessoas. Meu quarto permanece verde, só esperando eu colar o meu mural de fotos e o Bob veio junto para carregar as chaves. A vizinhança é... Hum... Ainda não sei e nem me importa saber. Enfim, minhas primeiras impressões estão imersas em um balde de sentimentos confusos, que vão desde a culpa ao nada de nada. No mais, vou ali preparar um cafezinho para deixá-los à vontade na minha nova casa. Ops. Na minha casa!


Luana Diniz
a macumba de Polary não pegou...só de mal! :-p

7 comentários:

Anônimo disse...

Tive a impressão de q foi bastante penoso p vc se desvencilhar da casa, mas bem simples, mesmo indolor, deixar a vizinhança (falando das pessoas) p trás, sem dramas ou pezares.

Tenho um companheiro de trabalho q vez por outra, diz:"...é por isso q odeio gente." Lidar com pessoas não é fácil. Já com as coisas e objetos, é bem menos complicado: eles não reagem ou reclamam, discordam, se vingam, choram, se ressentem, traem, mentem. Por outro lado, essa mesma tranqueira é incapaz de sorrir, dar um abraço, beijar, ser solidário ou amigo.

Pensando bem, gente é um mal necessário!!!!

Unknown disse...

è verdade! gente é um mal necessario! somos seres sociais não é mesmo! Mas luna, toda mudança é assim mesmo. no começo agente estranha mas depois vc se acostuma. E concerteza vc vai fazer muitas outras. Mas pense num lado positivo...Nós já até fomos te visitar. Vc vai ter Polary como vizinho. quer coisa melhor? quando vc não tiver muita coisa o que fazer, passa na casa dele pra tomar um café! hdhehehheheheeh!
bjão linda e boa adaptação!

Gustavo Reis disse...

Oi estou comentando pois, lhe achei na comu do blogspot.
Nunca pensei que mudar de casa fosse tao triste a este modo,
(risos)

Mais de qualque forma, adorei seu blog

Anônimo disse...

É, a casa nova lhe deu até alguns privilégios como VELOX, hein...
agora é que esse blog vai ser entupido e dominado pela única ralada belo-letrista que eu conheço.
Tou esperando o convite com bolo e café pra ir te visitar.
Eu também queria muito me mudar, mas de Estado.
Enquanto isso, continuo por aqui na minha comunidade que adoro e que um dia poderei me candidatar como político: o COHATRAC CITY! uuuuuuhuhuhuhuhu!

Anônimo disse...

Ai, Lu... Sei bem como é mudança, e não vou negar: sou um tanto quanto resistente. Não mudei de casa, mas de local de trabalho. E, ao contrário de vc, fui pra o meio do nada.

De qualquer forma, festejo essa sua mudança pelo mesmo motivo apontado por Alberto. Esse blog volta a bombar agora. Adoro o que vocês escrevem, e você movimenta bem isso aqui

Anônimo disse...

E o resto? não te interessa? Rivaldo não atice a discórdia entre os membros dos Toscos e Ralados...
Tem um que já quer ser independente... e ainda nem se sustenta sozinho,vê só!

Luca disse...

ahsuahsuahsua

Vlw, Ri!
Desculpa aew, Albert..
huhuhu

:-p

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