domingo, 20 de janeiro de 2008

Dogville: o doce sabor da vingança



Eu não sei se todo mundo que visitar o Ralados já viu Dogville. Se viram, por favor, comentem, se não, por favor, vejam e depois comentem.
Eu levei três dias (não consecutivos) pra ver Dogville. Nas duas primeiras tentativas, o sono me trapaceou (não que o filme seja chato, eu tava cansada mesmo). Então, reservei uma tarde de domingo para apreciar a bela obra do Lars Von Trier. Sim, a obra é bela mesmo, o fim é brilhante.
Durante o filme todo eu só pensava “nossa, como essa gente é sacana”. Esperava que o fim da Grace (Nicole Kidman) fosse a morte (ou pelos moradores ou pelos gangsters que a procuravam). Mas não teve nada disso. Foi o final de filme mais surpreendente e inesperado e, é o grande trunfo do longa.
O engraçado é a reação que o filme nos causa. Não sei como vocês reagiram, mas eu queria esganar um toda hora que abusavam da Grace. Quando ela conversa com o pai dentro do carro (já no desfecho do filme) sobre misericórdia e perdão, eu gritava (parecendo uma dessas velhas sem-noção que conversa com a novela das oito): ‘tá louca, Grace?! Eles não merecem perdão. ’ Então, quando a chacina se inicia, eu senti uma grande satisfação e nada foi mais maravilhoso do que ver a própria Grace matar aquele que a iludiu com um amor falacioso. (será que sou insana, má, perversa? Talvez sim).
O Lars Von Trier trabalha o ser humano relevando seus desejos, suas aflições, fraquezas, frustrações. É como se no filme, ele despisse o ser humano, gradativamente, mostrando sua verdadeira face. Ele torna seus expectadores a própria Grace, cada um passa a sentir o que a Grace sente. E, é sentindo (um pouco) o que ela sente que afirmo que ninguém de carne e osso sairia dali amando os moradores de Dogville.
Falando em carne e osso, lembrei da música da Zélia Duncan ‘a alegria do pecado às vezes toma conta de mim e é tão bom não ser divino’. Caiu como uma luva, não?!
Vocês podem achar que eu tô viajando nessa história. Penso que não. A ficção muitas vezes imita a realidade. Ter ódio ou desejar a morte de alguém é muito natural quando esse alguém nos faz sofrer. Por mais peculiar e incomum que seja, Dogville expressa bem a natureza humana. Não é que sejamos de todo ruins ou bons. Na verdade, somos ruins E bons, amamos e odiamos, sentimos dor e prazer, alegria e tristeza, somos sinceros e falsos. Não é um caso de questionar princípios ou se achar um monstro por compactuar com um derramamento de sangue, mas sim, perceber-se vulnerável, passível de qualquer sentimento, é um caso de perceber-se humano.
Polyana Amorim

2 comentários:

Anônimo disse...

Como eu fiquei no primeiro dia, vou esperar chegar o terceiro pra assistir ao filme todo e depois comentar.
Xêro!

Unknown disse...

O melhor filme que eu já ví!!! O dialogo final entre Graçe e seu pai é de dar arrepios! E o desfecho magnifico, mas confesso que eu desejei muito o esse desfecho, foi como um premio pra mim! rsrs

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