quarta-feira, 23 de maio de 2007

Memória do meu desaparecimento FELIZ (Aniversário)!




Aniversários são datas de celebração de um tempo de vida, se pensarmos sob um ponto de vista mais humano e subjetivo. Mas se tentarmos ser práticos, podemos considerar tais datas como meros produtos comerciais, em que o clímax são os presentes. No entanto, não podemos ser tão frios e apenas requerer tal perspectiva, já que nessas festividades o maior desejo é estar ao lado de pessoas especiais, que valham à pena ser cúmplices da comemoração conjunta.

Eu não sou diferente, óbvio. Apesar de o momento requerer sempre algo inovador, as outras pessoas não podem ser meros figurantes. Tanto que nesta data, em que celebrei meus 22 anos, resolvi “inovar”... Em outras palavras, resolvi desaparecer da vida de algumas dessas pessoas, muito especiais por sinal, para dar lugar à mim mesma, à uma curtição diferente. Meu desejo não era, essencialmente, excluir meus adorados amigos do “meu dia especial”, nem dispensar aqueeeeela bagaça (Cadê o chopp? Quem vai botar mais? hehe) sempre boa para ser repetida.

"Aí estão chegando os meus noventa anos. Jamais saberei por quê, nem pretendo, mas foi ao conjuro daquela evocação arrasadora que decidi ligar para Rosa Cabarcas pedindo ajuda para honrar meu aniversário com uma noite libertina. (...) o desejo daquele dia foi tão urgente que me pareceu um recado de Deus." (trecho do livro Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez). Neste 23 de maio de 2007, em que chegaram meus vinte e dois anos, parece que também recebi um recado de Deus. Aliás, tal recado já teria chegado há algum tempo quando evoquei um cardápio adverso dos de anos anteriores. Não imaginem os doentes libertinos do meu coração que passei meu dia usurfruindo dos prazeres carnais, nem imaginem meus amigos sem-noção que eu tenha infundado um desaparecimento para chamar uma atenção desnecessária e nem imaginem meus amigos insensíveis que eles não tenham passado todo o dia comigo, pois não foram só as milhares de mensagens e telefonemas que me fizeram lembrar de vocês não! Foi, simplesmente, uma vibração intensa que me contagiou e me fez sentir uma saudade imensa de estar juntinhos de vocês...vocês estiveram nos meus pensamentos durante todo o dia!!!

Mas tantos são os dias felizes que compartilhamos juntos, mesmo em rotinas bocejantes, que decidi priorizar apenas uma pessoa especial, cuja companhia tem sido escassa pelo tempo, pelas oportunidades e pelos conflitos de pensamentos. Ao desejar que meu esse 23 de maio fosse diferente, sem dar satisfações a ninguém, a priori, o desejei egoistamente só pra mim. Mas cheguei à conclusão que tal pessoa merecia sim dividir este dia comigo mais que qualquer outra, pois, segundo ela mesma, o meu nascimento é até hoje seu motivo de orgulho, pois a falta de planejamento me fez sair melhor do que encomenda. Essa declaração, por mais simplória que possa parecer aos ouvidos de outras pessoas, nada mais é que o reflexo do companheirismo que conseguimos estabelecer desde quando, ainda criança, minha mãe (separada do meu pai) escolheu me amadurecer e me mimar a apenas me mimar, enquanto única filha (mulher) dentro de casa, crescendo num meio "comandado" por três homens.

Idealizei que o melhor lugar para ambientar tal re-encontro fosse a imensidão do mar, com sua brisa, sua majestade, sua divindade. Eu queria, na verdade, mostrar à minha matriarca o que os 22 anos de olho no olho resultaram, para que seu orgulho não findasse com a certeza do crescimento do seu bebê. Queria mostrar a ela o fruto que ela gerou fora do seu ventre, através de um papo solto e ambientado pela magnitude da obra de Deus. Confesso que a espontaneidade da anciã de 65 anos em curtir a minha data me fez admirá-la mais, ainda, até porque esses momentos de celebração se tornam mágicos e as pessoas se desarmam e deixam as almas abertas às redescobertas. E assim foi o restante do meu dia: uma redescoberta de mãezona-filha, filhona-mãe.

As ondas do mar foram testemunhas de um retrocesso natural, em que a mãe tentou ajudar a filha a vencer um simples medo, assim como em criança, nos mergulhos no meio do mar.

Avistando as embarcações ao longe esperando a hora de atracar no porto da capital, olhamos para o céu, olhamos para a areia, olhamos para os nossos corações. Ressuscitamos situações, rimos de algumas loucuras por mim vivenciadas com meus amigos, discutimos nossos "não-entendimentos", refletimos sobre os conflitos familiares e jogamos meus vinte e um anos para o mar renovar em suas águas os outros tantos anos que ainda viverei. Fui abençoada pela natureza divina e pela natureza materna.

Vivemos um dia de amigas, companheiras, que pagam mico, que ensinam umas às outras, que gargalham, que vão ao cinema e que ficam abraçadinhas assistindo a um filme qualquer.

Acho que, apesar de ter conseguido, enfim, Memória de Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez, ao final do dia, o presente maior foi ter visto o sorriso menino daquela anciã, meio carrancuda, às vezes, mas espontaneamente aberta à VIDA!

Tenho certeza que as vibrações sinceras de Feliz Aniversário, enviadas à distância por meus amigos 'escanteados', fizeram do meu Aniversário uma Feliz Memória.


Luana Diniz


"A vida esguicha como uma fonte para aqueles que perfuram a rocha da inércia." [Alexis Carrel]

6 comentários:

Anônimo disse...

bom saber que vc esteve com sua mami...ela é a única outra mulher da sua vida quem eu aceito dividir meu xuxuzinho...
heuheu

feliz aniversário, amiga!

Polyana Amorim

Unknown disse...

Se tu nos trocou por tua mãe, tudo bem....estais perdoada.

Luca disse...

Marrapah! Não tô dizendo mermu, mininu?!?

O povo querendo dominar a minha vida...

Humpft! Vcs ainda verão que aprontarei com vcs...té parece!

hehehe

SERÁ QUE VCS AINDA NÃO PERCEBERAM QUE OS AMO??

Aff!!!!

Anônimo disse...

Lú,
fique emocionada com seu texto e com o amor que ele expressa , tanto o seu pela sua mamãe como o dela por vc.
Nesse momentos, que são raros, diga-se de passagem, percebo que por tras(opa!) dessa menina que chama a nós todos de toscos, existe uma mulher que está aos poucos se tornando mulher.
Fico orgulhosa de você. Às vezes me sinto meio a "amiga mais velha" sabe?
Preciso dizer essas coisas de "muito bem"!, " é assim que se faz", "boa menina", hihihihi...
Muito sucesso na sua vida Luana, te desjoa muitas alegrias, e muito amor e qeu nossa amizade, que começo assim meio sem querer, dure muito, até a gente ficar lembrando desses tempos de universade com muita saudade (rimou, kkkkk).
Beijos, adoro tú!
Dani

Anônimo disse...

Esse é o grande presente que Deus nos dá: o mistério do amor nas coisas simples que se tornam eternas e grandiosas!

Eu simplesmente visualizei todo este momento mágico, Lu!

Estou muito feliz por vocÊs duas terem se dado esse presente!

Te admiro mais ainda agora!!

parabéns pra ti e pra tu mãe!!

eu vou chorar.... snif, snif, COF, COF, COF, COF...

Sabe que isso dá um lindo roteiro... estilo Conduzindo Miss Dayse... hehehehehehe

ralada poeta!!!

Luca disse...

Snif, snif, snif

Agradeço às belas palavras da minha irmã mais velha e do meu fã sucumbido pelo amor; e também ao amor disfarçado do meu quiabo dileto e da raladinha-mor!
Até porque esse dia 23 de maio, que foi tão especialmente magnífico, só veio me confirmar a necessidade de aproveitar a vida e seus demais viventes. Às vezes, precisamos de choques para perceber o quão as pessoas são importantes em nossas vidas, porque o espaço que deveria ser aferido a elas é ocupado pelo TENHO MAIS O QUE FAZER! No entanto, podemos retrasformar isso, sob a perspectiva que não precisamos abandonar nada para que oportunizemos a nós mesmos e às outras pessoas especiais momentos sublimes e memoráveis! Vi nesse dia que é a minha mãe somada a pessoas como vocês que podem me fazer acordar todos os dias e ver o sol por ele mesmo, sem critérios prévios, a não ser o de VIVER! Talvez, vcs achem q tudo isso seja realmente um poema (neh, alberto), mas é simplesmente a expressão do que mais belo a vida pode proporcionar: o próprio VIVER!

gOsTo MuIto dE toDoS vOcÊs!!!!

\o/

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