segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Cadê o calouro que tava aqui?




Indivíduo bobão com cara de deslumbrado que acha tudo um barato pela UFMA. Anda com um caderno de dez matérias na mão ou um fichário com estampa de algum filme que bombou nas bilheterias do planeta e um estojinho básico com canetas azul, preta e vermelha.
Quem é esse ser ?
Um calouro!
Não!
Seria um calouro. Talvez aí na sua faculdade, no seu prédio, no seu curso ainda o seja, mas aqui na UFMA, no Ccso, mais especificamente no Curso de Comunicação Social essa espécie já era.
Calouros, maurícias e patrícios (uns um tantão, outros um tantinho) que conhecem o Bambu, começam a beber vinho, entram em contato com os dinossauros, viram fãs dos Los Hermanos e pimba: neo-hippies universitários na área.
Os meninos la
rgam suas camisa pólo, calça jeans e tênis Nike por calças de estopa, camisas de tecido vagabundo com gravuras abstratas e sandálias franciscanas, quando não o bom e velho par de havaianas. Ah, e deixam a barba e o cabelo crescerem livremente.
As meninas, por sua vez, abandonam sua calça jeans-lycra cheia de gliter por um saião de chita, uma blusinha florida costurada por vovó e as costumeiras havaianas.
Mudado o modo de vestir. As preferências “culturais” também mudam. Ambos os dois [:D], maurícias e patrícios, já fãs, seguidores, devotos de Los Hermanos, agora apreciam a Nouvelle Vague, o cinema independente e citam Nietszche a torto e a direita.
Mas, essa aí é a espécie em extinção que sofria tais alterações ao longo do curso. Os novos calo
uros, entretanto, já vêm modificados de fábrica.
Eles não têm mais cara de babaca (alguns, pelo menos), já são fãs de Los Hermanos, fumam, bebem e já sabem onde fica o Bambu.
O que se percebe, no entanto, é que eles não fazem o estilo neo-hippie tal qual a espécie antiga. Aliás, hippie é coisa do passado. O lance é ser moderno usando roupas meio retrô, conhecer bandas do underground do underground que tocam um som estranho, vestir-se à moda européia, usar óculos com aro colorido, abominar a MTV, achar a França o centro do universo e pagar de fumante e alcoólatra incorrigível. O lance, agora, é ser indie (ota).
Ou o portão do Ccso tem algum dispositivo mágico que transforma nossos novos coolegas nessa coisa ou eles já o são desde o ensino médio.
Hum, o ensino médio...
Em que lugar encontramos emos em grande quantidade? No ensino médio!
E, de onde vêm nossos calouros? Do ensino médio, óbvio!

Eis, que surge a corrente teórica: os indies de hoje são os emos de outrora.
Eles só trocaram o My Chemical Romance pelo Franz Ferdinand, a maquiagem dark-depressiva pela cara de nerd-descolado. E, em vez de verem Harry Potter, agora eles vão assistir algum filme francês que mesmo tendo um roteiro capenga, uma direção chula, uma trilha sonora peba e uns atores medíocres é um filme mais que legal só por ser francês.
Mas quem sou eu pra ficar estereotipando os calouros, né? Sou só uma ralada e tosca tentando me formar, juntando grana pra fazer meu mestrado na Bahia.
Indies, neo-hippies, emos, clubers, ou sei lá o quê. No fundo são só calouros experimentando coisas diferentes dentro dessa nova esfera social chamada universidade. Um dia eles cansam, enjoam de toda essa folia e pimba: não são mais calouros!





Polyana Amorim
apenas teorizando...

9 comentários:

Davi Coelho disse...

Pílula do sumiço por conta do regime ditatorial, escravocrata e desumano aplicado pelos professores da UEMA (que é onde eu estudo).
Aos poucos tô voltando ao ritmo normal.

Tem BILHARES de coisas pra fuçar aqui, muita coisa engraçada, interessante e especialmente tosca e.. ralada!

Um cheiro no olho dos membros.
[ficou estranho isso... O.o]

Rivaldo de Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rivaldo de Almeida disse...

poly, isso ficou muito bom. adorei!! pensei que o blog não fosse sair mais dos dilemas emiessienísticos.
é verdade que hoje os calouros já conhecem o bambu. essa história de apresentá-lo já não faz mais efeito (e isso é um tanto quanto foda!). outra: é também verdade que hoje, em meio aos seus emismos, também já trocam o my chemical romance pelo fraz ferdinand. ahsuahushaus.
é... mas o mais importante disso tudo mesmo é que ao longo da universidade desencanamos e percebemos que não precisamos deixar de ser "normais" para passarmos por ela, e largamos os ideiais que tínhamos antes sobre como deveríamos ser para sobreviver a ela.

Unknown disse...

Poly adorei o post. Uma otima analise da atmosfera dos calouros.Vc poderia pegar agora sob o ponto de vista das calouradas, será que teriamos alguma coisa?
E Nossa essa teoria no final do post de rivaldo foi profundo. Tendo em vista isso, vc tambem poderia fazer uma analise de nós, os não calouros.

Bjão!!!

Luca disse...

Sensacional o post, sua ema, neo-hippie, cluber etc e tal.
Daveeeeeee, quanto tempo...estávamos mesmo sentindo a sua falta por aqui.
Rivaldo, as melhores pérolas são frutos dos debates emiessiênicos entre os ralados.
Tatal, sinceramente? Acho que nós já sabemos a resposta. Nós, os não-calouros viram toscos e ralados...
haushaushaus
Se bem q "não podemos generalizar, né" (jargão de neo-cientista falido)?! Nem todo mundo tem esse quê de especial dos toscos...

huhuhuhuhu

Nóis se achamos

Anônimo disse...

Mas sim, de que adianta fumar, beber, discutir filosofias, mudar o vestuário se no fim das contas TODOS acabam ou dançando um pancadão em cima da cadeira ou tentando rebolar horrores e pisando barata pra aprender a dançar esse tal de CALYPSOOOOOOOOO?!

Realmente a análise estética sobre os grupos sociais dos calouros da Ufma foi sensacional, adorei!
hehehehehehehe...

Acho que BICHO agora somos nós!
me sinto um estranho andando pelos corredores da UFMA, é melhor defendermos nossas monografias, prestarmos concurso para professor substituto para poder continuar falando mal do povo da UFMA, só que em outro nível, claro...

E quanto aos post emiessiênicos, não se preocupem, não faço mais isso!

Nana disse...

Um pouquinho antes de sair da faculdade vi Calouras de sainha da Ellus. Quando nao sao neo alternativos, sao patricinhas. O mundo ta perdido, a educação brasileira tambem.
Kkk bjs

Anônimo disse...

Tadinho dos calouros, nas mãos da Pollyana tão saudosista!! ahsuahsaushasa Quase uma Adorno frente as mobilizações da juventude na década de 60!! ahsuahsau poderia até ser, se alguma juventude ainda se mobilizasse ou se algum dia já se mobilizou ou se algum alguma juventude realmente sou o significado da palavra mobilização!! ahsaushau eita farta do que fazer!!! :) Isso que é juventude e 'calouragem'!

Anônimo disse...

Diversidade é isso mesmo. Gostando ou não, trajando roupas de grife ou de lojas populares, chegando e partindo de carro ou de ônibus (q ninguém merece a demora do Campus), conscientes ou alienados, vindos do ensino privado ou público.

PS: qd passei pela UFMA nunca entendi a empolgação do povo p/ ir ao tal Bambu (q lugar é aquele???) ou participar das calouradas (uma desculpa p ficar bêbado com o aval acadêmico).

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