sábado, 25 de agosto de 2007

Direito de cessar e Dever de servir

"Professores reivindicam aumento de X%."
"Classe paralisa e exige reposição salarial"
"Policiais cruzam os braços"
"Atendimento nos Hospitais está parado em função da greve dos profissionais da saúde"


As bancas de jornais e as televisões estão saturadas de manchetes e chamadas desse tipo. Toda hora o foco para os quais os nossos olhos se voltam é modificado. A pauta da hora são as greves sequenciais dos setores mais essenciais da comunidade. Parece que a teoria da conspiração tomou um cunho sindicalista e todos os setores correlacionados às “manchetes” acima resolveram pôr em prática com urgência seu plano de colocar uma faca na garganta da população, objetivando intimidar os governos, como se esses fossem extremamente sensíveis às dores dos seus cidadãos, embora sua principal preocupação seja a imagem correntemente acossada, como se se tratasse de uma instituição lucrativa e aquela não pudesse ser elameada.

Interesses diversos influenciam a jogada de uma greve. Claramente, são colocados em faixas, discursos, debates e em entrevistas os benefícios de aumento e/ou reposição de salário, como primeiro plano, senão único - os demais nunca são ecoados - , e num lado oposto fica a União tentando empreender, pelo bom e ineficiente diálogo, acordos que não serão aceitos, de primeira. É formado um vai-e-vem de palavras, de promessas, que todos sabem que só 20% vai ser cumprida, até "cessarem a cessação" de atividades.

Há um outro lado, que poucos raramente percebem: os dos espectadores; não os espectadores que vêem sua classe reivindicar coisas e coisas sentados, mas os espectadores que dependem das atividades daqueles que discutem números, números e números e que se sentem irrepresentados, logicamente. Um exemplo límpido está à nossa frente: a greve dos professores do estado que, recentemente, foi encerrada não vai trazer benefício algum ao ensino público, apesar de, em um momento perdido e isolado, eles declararem que o aumento de seus salários e a reposição de perdas de outros anos venha ao encontro da qualidade do ensino público em nosso país. Contudo, eles não pararam durante meses e meses para exigir do governo políticas públicas verdadeiras, inclusão de mais orçamento para as escolas. Eles não pararam para requerer mais escolas para a crescente demanda de alunos, muito menos merenda escolar. Assim como os técnicos da Universidade Federal do Maranhão que paralisaram há uns três meses (nem há movimentação) e não está em sua lista a reciclagem de servidores que passam a maior parte do seu turno de mau-humor, em sala de bate-papo. Agora, os professores retornam às salas de aula e a tal qualidade do ensino público ninguém encontra, porque volta tudo ao "normal".

Há alguns dias médicos de hospitais também pararam em alguns estados, como se as doenças paralizassem em complascência com a situação salarial deles. Em qual plano ficou a demanda de verbas para os hospitais? Ah! Em qual plano ficou o juramento hipocrático? Ficou obsoleto e/ou hipócrita?

Cessar atividades por melhorias trabalhistas é assegurado pela Constituição Federal e todos têm o direito, senão o dever, de lutar por benefícios; no entanto, que esse direito não fira o seu próprio dever de satisfazer as necessidades de quem é de direito tê-las emergenciadas. Como tudo é uma faca de dois gumes, não me revelo ferozmente contra os atos grevistas, mas com os seus objetivos e suas bandeiras.


Luana Diniz
vou fazer greve de posts

3 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado é que praticamente todo ano houve-se falar em greve e ela tem se tornado comum, praticamente obrigatória.
Toda vez que encontro com um qualquer-um e surgem aqueles papos-sem-noção-de-ônibus, tipo:
- Eaê, tudo blz?
- blz!
- q anda fazendo?
- ah, tou na faculdade...
- fazendo o q?
- comunicação na ufma e história na uema.
- ufma e uema? vc sabe quando entra, mas não sabe quando sai.
- eu tou me formando já no Ceuma. entrei ano retrasado.
- hmmmmm legal!

Concordo com a ineficácia das reinvidicações e percebo que a greve, de tão comum, já é estimulada até mesmo no colegial e nos estudantes universitários. Vide gremistas e estudantes de DCE.
qualquer reinvidicação já põem GREVE na boca. Isso quando não ressuscitam manifestações do tempo da dita-dura, como ocupações, barricadas, acampamentos...
Será que não existem outras fórmulas de reinvidicação de direitos?
mesmo assim, EU QUERO GREVE NA UFMAAAAAAAA! URGENTE!!! POR CAUSA DA DITACUJA DA MONOGRAFIA!
agora eu que vou reinvidicar:
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!
- QUEREMOS GREVE!

Luana! disse...

Rapaz, olha aí como as pessoas são!Não pensam mesmo no coletivo, apenas em planos individuais. Aff...Eu tb quero greve na UFMA, agora...=)
Ouras...se a gente faz greve de estudo e não apresenta a monografia temos reprovação no histórico, então, que venha a Greve...uhuuu, Albertooooo...haushauhsau

Uq é Houve-se, caro fantasma????

Ó, my God! Meu amigo emburreceu...
huhuhu

Anônimo disse...

o H em "houve-se" é resultado de minha dislexia na internet ampliada por meu momento de tensão pré-TCC!
hehehehehhehehehehhehehehehehhehehehehehehehheh...
serve também a desculpa do meu problema com próclises, mesóclises e ênclises...

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