quinta-feira, 12 de julho de 2007

Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite...Eu te amo!



Lembro de um típico dia de bebemoração, em que eu e mais três amigos saímos tarde da noite a procura de ônibus e nos deparamos com uma UFMA deserta e mal iluminada. Fomos para a parada localizada fora do CAMPUS, com transeuntes de bicicletas e carros passando como zumbis. Os poucos ônibus que circulavam não iam para a garagem ou estavam indo para onde não íamos. O tempo passava, nenhum ônibus que nos servisse aparecia, até que decidimos atravessar a ponte, ir pelo Largo de São Pedro até chegarmos ao Anel Viário. Mas a escuridão afundou a decisão e, por fim, petrificamos na parada quando, de repente, a luz do poste ao nosso lado apagou. Um dos amigos virou para os demais e disse: NÓIS SE AMAMOS”. Na hora, nos abraçamos até que uma amiga riu da bela coerência gramatical ali construída, mas o amigo disse: “Não importa! Nos amamos, NÓIS SE AMAMOS.”

Essa frase é causa de chacota até hoje entre os que estiveram juntos naquela noite. Mas o que está no cerne da expressão é a força de um sentimento momentâneo, que talvez não seja tão momentâneo assim. Pelo menos não quando se leva em consideração todos os momentos vividos juntos, com uma união construída a base de lutas cotidianas para enfrentar exatamente o cotidiano que intenciona corroer as relações humanas.

Dentro de oito dias vai ser o Dia Internacional do Amigo. O presente texto bem poderia ser publicado no dia que está por vir, mas a razão que me traz a pensá-lo e fazê-lo exatamente hoje está além da transgressão às datações simbólicas das musicalidades da vida que deveriam ser comemoradas todos os dias. O que arquiteta a atuação deste textículo é a recente discussão no chat acerca do poder dizer EU TE AMO, como se a expressão fosse um BOM DIA, um BOA TARDE ou um BOA NOITE.

As últimas expressões são solicitudes sociais às quais devemos aderir para que sejamos bem “apessoados” não importa diante de quem seja. Elas são ensinadas ainda quando crianças para que possamos passar por todas as esferas sociais esfregando uma educação não refletida, mas impregnada. Por força desse pressuposto, um amigo impugnou a expressão no chat a uma pessoa que se dizia naquele dia com uma grande vontade de nos dizer o EU TE AMO. A justificativa da impugnação foi dada como está dito acima. No entanto, todos depois começaram a dizer EU TE AMO, porque afirmavam estar com vontade de assim fazer. O meu amigo foi “vencido”, mas o episódio se repetiu e mais uma vez jogaram pedras sobre o amigo que queria defender a santidade que ronda a expressão, como se jogá-la no ar fosse um sacrilégio ou uma heresia. Compreendo a revolta do meu amigo e compreendo também a vontade de todos em dizer EU TE AMO. Nenhum deles quis pecar contra o amor ou ser algozes desse sentimento sagrado vulgarizando-o.

Da mesma forma como aconteceu naquela noite em que um erro gramatical deixou mais bela a expressão de um sentimento momentâneo, os amigos resistentes em gritar aos mil ventos EU TE AMO uns para os outros são regidos pela pulsação do coração no momento. Se o medo do amigo, que acha uma ousadia sair declarando amor a quem se acha de direito, é que esse sentimento momentâneo seja demasiado momentâneo, aconselho-o que encarne o momento de novo, então. E deixe pulsar pela boca o coração e diga EU TE AMO sem receio de profanar o amor, pois como saber se o que sentimos uns pelos outros é amor, se nem mesmo nos damos o direito de senti-lo? Senti-lo não é ouvi-lo e deixá-lo calado. Senti-lo é ouvi-lo e deixá-lo berrar a quem se ama NÓIS SE AMAMOS.

Portanto, deixo bem dito aqui que sou a favor do que quer o meu coração. Não sei se ele dirá o mesmo que diz hoje a todos e, realmente, talvez amanhã aqui nem pulse o mesmo coração. Mas o que importa é que não deixei um bom amigo passar sem eu ser porta-voz do meu coração para ele.

AMIGOS, Bom dia, Boa tarde e Boa noite. Ah! EU AMO VOCÊS e NÓIS SE AMAMOS.

[Ei! E você que está lendo esse Bost aqui? Já disse EU TE AMO ao seu amigo hoje? Não? Tá perdendo tempo! Corre lá, que a vida urge...]


Luana Diniz
ai, ai (suspiros...)

5 comentários:

Pedro Canto disse...

Ouxe, quem diria q há tanta profundidade no que a gente conversa das 8 ao meio dia todo santo dia... bom, senti que ambas as partes ficaram bem tratadas nas palavras do "amore" luana!

Espero que amanhã quem lembra que me ama me diga, e quem esqueceu que se lembre.

Tenho adorado me dedicar a pedir o almoço das pessoas que tem me feito sentir amado, ate por aquelas que ousam não dizer!

agradeço não so o cairnho mas como a oportunidade de deixarem eu dizer que amo tb os amigos.

Rafael Carvalhêdo disse...

Enquanto isso eu interpreto o teu "I hate you!" como sendo um Eu te amo. hueheuheue

Luca disse...

hushauhahsu
Eu prometo que tentarei exterminar o
I hate you do meu vocabulário. Ficarei apenas com o Anyway...
hasuhasuhasu

Eu amo quem me proporciona momentos felizes que serão eternos...

[me emocionei com Pedrin...ki nindu]

Tarsila Cardoso disse...

EU TE AMO QUANDO É DEMASIADAMENTE USADO, E IRRESPONSAVELMENTE USADO ELE PERDE O SEU VALOR.
AMAR É MUITO MAIS

Anônimo disse...

É VERO, TARSI...

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